Cada criança tem um universo dentro dela. Tem um mundo interno que precisa de ser respeitado. Para que a sua própria unicidade possa emergir.
Normalmente os pais querem saber TUDO o que se passa com os filhos.
Então venho desafiar-te com uma pergunta.
• Qual é a verdadeira razão pela qual queres saber tudo o que se passa com o teu filho?
Faço-me essa pergunta várias vezes e na realidade, coloco-a cada vez que sinto que estou a querer saber o que se passa…
E normalmente a reposta reside numa ansiedade que é fruto da minha insegurança e/ou dos meus medos.
Se assim for, EU, adulto, preciso de escutar esses medos e ver essa insegurança antes de colocar essa pressão nas minhas filhas.
Convido-vos então a essas reflexões:
• Do que tens medo?
• De onde vem esse medo?
• Qual é a sua origem?
• Está baseado em que?
• É mesmo teu ou é algo que herdaste da tua educação, ou das crenças da sociedade em que vives?
Em criança eu não tinha espaço para me conhecer, para me sentir. Os meus pais tinham muito medo que algo me acontecesse, sendo que esses medos foram intensificando-se a medida que ia crescendo, atingindo o cúmulo na minha adolescência. Medo que frequentasse as pessoas erradas, medo que me drogasse, medo que tivesse relações sexuais prematuras… medo, tudo baseado num medo inconsciente que tomava conta deles e das suas ações.
Sei que o fizeram com a melhor das intenções, não tendo consciência do que sentiam e sendo altamente condicionados pela sociedade e crenças internas inconscientes. Assim, para me proteger, não falavam comigo sobre isso, controlavam-me às escondidas, ameaçavam-me, perdendo assim a oportunidade de me conhecer na minha verdade, na minha essência, nos meus valores, na minha unicidade!
Não digo que não existam perigos, mas esses podem ser enfrentados de forma construtiva e evolutiva.
Assim digo que “Confiar nos nossos filhos é o carburante para lhe dar auto-estima.”
E esse confiar pode ser baseado num DIÁLOGO HONESTO, onde podemos VULNERABILIZARMOS-NOS enquanto adultos e falar eventualmente dos nosso medos em modo honesto, para abrir a porta com respeito e vinculo criando confiança.
Sendo que confiar não quer dizer deixá-los por conta própria, quer dizer estar presentes e curiosos mas cultivando esse sentir de saber que eles SÃO CAPAZES, que terão todas as experiências necessárias para crescer tendo cuidadores atentos a dar-lhes apoio e suporte sem ser hiper-protetivos, respeitando o espaço deles interno e externo
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