Ao caminhar na natureza tenho experienciado em modo prático, permitindo-me estar conectada ao sentir do meu corpo (seja emocional que físico), tenho percebido quão a maioria das vezes nós sofremos não pelo que nos acontece realmente, mas pelo receio do que pode vir a acontecer.
A boa notícia é que a maioria dos casos, todos esses receios, esses medos, essas histórias, são pura imaginação, criadas pela nossa mente e não correspondem à realidade. Só nos fazem agitar mais, criam ansiedade, colocam o nosso sistema nervoso em stress fazendo disparar um alerta e assim na verdade “perdemo-nos”, reagimos em vez de agir. Perdemos clareza, enraizamento, segurança, “verticalidade”.
Mesmo nas noites mais escuras, se dermos tempo aos nossos olhos de se habituar à escuridão, eles vão regular a abertura da pupila e “milagrosamente” vemos! Talvez precisemos de andar mais devagar, de estar mais ligados ao nosso corpo físico, sentido onde colocamos os nossos pés.
Todo esse processo é extremamente rico e empoderante! Pois se eu conseguir dar-me tempo para ver na escuridão, vou acabar por VER e SENTIR muitas coisas que se estivesse a correr em plena luz do dia não iria captar.
Com as minhas filhas muitas vezes recorri ao “simples” PARAR.
Para escutar.
Para escutá-las.
Para escutar-me.
Dando-me o tempo necessário por “revelar a fotografia” (essa metáfora vem do tempo em que trabalhava em fotografia em publicidade 😉 )
Às vezes, achando o que aconteceu grave, quem está à minha volta (já aconteceu ser uma das minhas filhas em relação à outra…) pergunta-me baixinho: “Mas não fazes nada? Não dizes nada???” E eu respondo: “Agora não porque tenho a certeza que, como isso me tocou muito, despertou algo meu e se eu fizer ou disser algo agora, vou arrepender-me daqui há pouco”. Então vou sentido, vou deixando baixar o pó, vou procurar tirar da frente o que me impede de ver a essência. E a seguir ajo.
Posso testemunhar que dá mesmo bom resultado! Assim, sempre mais o pratico ou procuro praticá-lo.
Com elas e com qualquer coisa onde sinta que, a vontade é de começar a correr para “resolver” porque senão….blablabla. Estou a reagir a algo que na realidade (ainda) não estou a ver, ainda está na escuridão.
Então deixo-me ficar nessa escuridão. Sabendo que a luz virá. No momento certo eu vou ver. E agir. Em vez de reagir.
À realidade presente e não a um medo qualquer sobre um cenário provavelmente catastrófico que a minha mente criou.
Ainda estamos muito presos à crença que temos que dar resposta imediata, que temos que ter soluções rápidas para tudo, porque senão perdemos o comboio, porque senão perdemos a autoridade, porque senão não somos vistos como capazes e eficientes…
Garanto-vos que é exatamente o contrário. Ao parar damos espaço à sabedoria interna de emergir sem medos. E de se manifestar. E assim passamos a ser de confiança, alguém em quem confiar, porque sabe o que está a fazer.
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