Basta sentar-se num banco de jardim, em frente a um parque infantil e essa é a frase que mais ouvimos!
– Não corras que vais cair
– Não subas que vais cair e morres
– Não tires o casaco porque vais ficar doente
– Tu és pequeno e não sabes fazer isso
– Não toques em nada porque está cheio de micróbios
E quando essas frases catastróficas tornam-se realidade…lá vem a segunda parte do condicionalismo:
– Estás a ver? Não te disse? Tens que me ouvir! Fazer o que EU te digo!
Essa frases, a energia do medo que colocamos nelas, semeiam sentido de incapacidade. Ameaçam a nossa autoconfiança. Trazem bloqueios, medo de agir, de não conseguir. De não ter a aprovação, e de consequência o Amor incondicional das pessoas que estão a nossa volta e do qual cada criança precisa mais de que qualquer outra coisa.
Há uma fase da nossa primeira infância em que a criança tem como necessidade primária explorar o mundo. Fazer experiência dele e das próprias capacidades. A fase em que a criança começa a gatinhar e a andar.
Quantas vezes uma criança precisa de cair antes de começar a andar? Muitas. Mesmo muitas. Porque ela está a aprender o equilíbrio, o centro, a colocar os pés na posição certa, a fortalecer os músculos, a coluna vertebral. Em momento nenhum ela pensa em desistir de aprender a andar.
“Nunca ajude uma criança numa tarefa que ela sente que pode realizar sozinha” dizia a Maria Montessori, como já escrevi num artigo um tempo atrás.
É nessa fase que estão as raízes da autoconfiança!
Acreditem que as crianças estão programadas para cair e levantarem-se!!! E a confiança e fé que os cuidadores têm em nós, ficam tatuadas nas raízes do nosso Ser!
Depois queixámo-nos de pre-adolescentes e adolescentes que não ousam, que se escondem atrás de um computador ou telemóvel para o medo de enfrentar o mundo, ou de não ser aceites pelos pares, de um sentido de incapacidade e medo de falhar e de consequência de ser julgado…
A boa notícia é que, embora mais tempo demoramos em cuidarmos deste aspeto, mais demorado e desafiante vai ser, estamos sempre a tempo de termos uma infância feliz, e a autoconfiança pode ser trabalhada e recuperada.
Para quem tem crianças nessa fase da infância, parem e escutem-se antes de antever, atrair e manifestar uma catástrofe! (Eu sei as vezes ficamos em apneia, como o coração nas mãos…) Talvez ao parar e observamos com curiosidade, eles vão mostrar como conseguem e vêm convidar-nos a curar a forma como fomos condicionados e acreditar mais neles e em nós!
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