Monviso – Alpes Italianos
A Jornada que transforma passo a passo
De 4 a 11 de Agosto de 2025

Conheço estas montanhas desde que nasci.
A minha primeira visão delas foi através as costas do meu pai e, com o tempo, fui descobrindo cada trilho com os meus próprios pés, sozinha e acompanhada.
Desde que vivo em Portugal, volto pelo menos duas vezes por ano para mergulhar no silêncio e na beleza inigualável da alta montanha. É onde me alinho, me escuto e encontro inspiração.
Caminhar na montanha é muito mais do que um retiro.
É um convite que te transforma passo a passo, para superar os teus limites, exige presença na respiração, lidar com o desconforto, saborear a sensação de sucesso na conquista.
No silêncio da alta montanha, tudo o que estava adormecido desperta. É ali que começa o verdadeiro caminho, o que fazemos dentro de nós.


Programa
1º dia – 4 de Agosto, Turim
A viagem começa em Turim, onde nos encontramos com a Marzia antes de seguir de transfer para as montanhas.. A primeira paragem será em Ostana, uma aldeia historica, a 1250m. de altitude, onde moram apenas 81 pessoas. Aqui vamos passar as primeiras duas noites – o lugar ideal para começarmos a entrar no ritmo da natureza, na essencia da montanha e no espírito desta caminhada que promete ser inesquecível.
2º dia – 5 de Agosto, Ostana
No segundo dia da nossa jornada, antes de iniciarmos a travessia à volta do Monviso, dedicamos tempo à preparação — não apenas do corpo, mas também da mente e do espírito. Este é um momento de pausa consciente, onde nos desligamos do ritmo habitual e nos abrimos ao que está por vir.
Durante este dia, para além da logística, vai ser um tempo fundamental para sintonizar com a energia da montanha, com o grupo e, sobretudo, connosco próprios.
Haverá espaço para a reflexão individual, dinâmicas de grupo que promovem conexão e confiança, palestras breves e momentos de partilha.
Este é um dia de escuta, do corpo, do ambiente e uns dos outros. Uma preparação emocional e energética que nos ancora no presente e nos liga à essência desta jornada: caminhar com intenção, passo a passo, num caminho que transforma de dentro para fora.
3º dia – 6 de Agosto, 1º dia de caminhada, cerca de 5h
Partimos de Ostana e seguimos em direcção ao Pian del Re, onde nasce o rio Pó — o mais longo de Itália — e que dá nome a este vale. A partir daí, iniciamos asubida, atravessando paisagens alpinas de cortar a respiração.
Será um dia exigente, com cerca de 8 km e um desnível aproximado de 1150 metros. Mas cada passo é recompensado por maravilhas naturais: lagos glaciais, como o Lago Chiaretto, com a sua forma de coração; o som dos riachos; manchas de neve que persistem mesmo em pleno verão; e, sempre presente, a silhueta imponente do Monviso, a acompanhar-nos como um guardião silencioso.
Com alguma sorte, poderemos avistar stambecchi — os majestosos cabritos-monteses dos Alpes — que habitam estas altitudes e nos lembram da vida selvagem que continua a pulsar neste território remoto.
Ao final do dia, depois do esforço e da maravilha, espera-nos o Rifugio Giacoletti, aninhado na montanha. Um refúgio simples, mas cheio de alma, onde nos alimentamos edescansamos o corpo e deixamos que a experiência vá assentar dentro de nós.
4º dia – 7 de Agosto, 2º dia de caminhada, cerca de 6h
No quarto dia, para quem acordar cedo, há a possibilidade de contemplar um inesquecível nascer do sol. A seguir ao pequeno almoço, seguimos do Rifugio Giacoletti rumo ao Rifugio Granero, numa etapa desafiante. O percurso tem cerca de 10 km, com um desnível aproximado de 2157 metros, atravessando trilhos alpinos e zonas rochosas em plena alta montanha. Pelo caminho, passamos pelo mítico Buco di Viso — uma gruta escavada na rocha que liga simbolicamente Itália e França, para contornar a poderosa presença da Ponta do Monviso. A paisagem muda constantemente, revelando a beleza crua, indomável e majestosa da montanha. Apesar da exigência física, há algoprofundamente libertador neste dia: o silêncio das alturas, a vastidão das encostas e a força do grupo em movimento tornam cada passo mais consciente e significativo.
Ao final do dia, chegamos ao acolhedor Rifugio Granero — um refúgio alpino rodeado de natureza em estado puro. Aqui, no coração dos Alpes, encontramos o descanso merecido.
5º dia – 8 de Agosto, pausa para integrar
Este quinto dia é quase como um portal dentro da jornada — um momento em que o movimento externo abranda para que o interno se manifeste com mais clareza.
Depois de dois dias intensos e desafiantes, ficamos no Rifugio Granero, um recanto de paz no coração dos Alpes, onde o silêncio e a beleza envolvente criam o espaço ideal para descansar, escutar e integrar, escrever, contemplar, partilhar.
É o momento de começarmos a perceber as transformações subtis que esta jornada já está a trazer: no ritmo, no olhar, na forma como caminhamos dentro e fora de nós.
É um tempo para honrar o corpo, mas também para escutar os outros “corpos” — o emocional, o mental, o espiritual.
Já passou mais de metade da viagem. E nesta pausa no caminho, damos espaço ao que precisa ser sentido, reconhecido e, talvez, deixado para trás.
Recarregamos as energias e preparamo-nos para os próximos passos, agora com mais de clareza, leveza e presença.
6º dia – 9 de Agosto, 3º dia de caminhada – cerca de 5 h
No sexto dia, calçamos novamente as botas e avançamos para a última etapa da nossa travessia. Deixamos o Rifugio Granero e seguimos em direção ao Pian del Re, o ponto de partida da nossa jornada. O percurso tem cerca de 9 km e um desnível de 1350 metros, e ao longo do caminho, teremos tempo para nos despedirmos do imponente Monviso, que foi nossa companhia fiel durante toda a jornada.
À medida que a paisagem se desenrola, sentimos que a verdadeira viagem não está apenas em alcançar o destino, mas na transformação que já aconteceu dentro de nós. Ao final da tarde, chegamos ao Rifugio Galaberna, onde tudo começou. O corpo pode estar cansado, mas está também plenamente repleto de novas tomadas de consciência e de um profundo sentimento de conquista. Cada célula do corpo sente a satisfação de ter completado esta travessia, e o coração está preenchido com a energia da montanha e da viagem.
7º dia – 10 de Agosto, dia de integração
No sétimo dia, deixamos o corpo repousar e abrimos espaço para simplesmente ser. É um dia de pausa consciente, em plena natureza, num ritmo tranquilo, com tempo para mergulhos nas águas geladas e cristalinas do rio Pó. Um verdadeiro mergulho de renovação, físico e emocional, revitaliza o corpo, ajuda a aliviar tensões musculares, estimula a circulação e proporciona a recuperação. É como se cada célula do corpo recebesse um novo sopro de vida.
Este será um dia para aterrar tudo o que vivemos até aqui, entre banhos revigorantes, momentos de pausa, partilhas espontâneas, conversas sem pressa e pequenas surpresas.
Um tempo para observar a transformação que já aconteceu, reconhecer os passos dados e permitir que o silêncio da montanha e a fluidez da água nos ajudem a integrar, tatuar, tudo aquilo que esta jornada despertou em nós.
Um verdadeiro ritual de fecho antes do regresso.
8º dia – 11 de Agosto, fecho e despedida
E assim chega o último dia da nossa aventura. A seguir ao pequeno almoço, partimos de volta para Turim, com tempo para nos despedirmos da montanha, do grupo, do silêncio, dos momentos de risadas que nos acompanharam ao longo do caminho.
Cada um segue agora o seu caminho de regresso a casa, com uma nova versão de si próprio, pois a montanha com todos os desafios e maravilhas que ela nos proporcionou e permitiu experiênciar, vão ficar tatuados. Não apenas nas pernas ou nas fotografias, mas num lugar mais fundo, na essência.
Com o coração cheio e a certeza de que, de alguma forma, a montanha ficou dentro. Em cada passo, em cada respiração, em tudo o que nos atravessou e transformou.






