A minha autocaravana da Barbie

Tatua no teu filho a fundamental importância da espera.
No tempo de espera, há espaço para a construção do sonho e para o amadurecimento do desejo. É nesse intervalo, muitas vezes frustrante, incómodo, que a verdadeira vontade vai emergir e ganhar forma. “Será que desejo mesmo isso?” ou até vou esquecer-me e saltar logo para o próximo desejo estimulado pela primeira coisa que me aparece à frente?  

Aprender a esperar não deve ser um castigo, nem um prêmio, nem uma manipulação ou uma moeda de troca para o futuro.

É um exercício de presença, de paciência, de clarificação interna. 

Na realidade a criança sabe esperar, ela tem essa capacidade dentro dela, sabe ver o que está fora e trazê-lo para dentro antes de o manifestar! Antes de começar a falar, ela está a observar as pessoas a falar à volta dela e, antes de começar a falar para fora, ela aprende a significar para dentro. Assim é com o andar, com qualquer comportamento de desenvolvimento. Ela não tem pressa. Nós é que temos… 

Quando trazemos essa espera a uma criança, damos-lhe algo mais valioso do que a simples realização do desejo imediato: damos a capacidade de distinguir o que realmente importa, de cultivar o desejo e de encontrar satisfação no processo, e não apenas no resultado.

A espera não é um tempo perdido, mas sim de crescimento. É no intervalo entre o querer e o ter que surgem a clareza, o planeamento, a criatividade, a gratidão e a resiliência. É ali que o desejo deixa de ser apenas um impulso e se transforma em algo mais profundo, mais autêntico, mais consciente.

Valoriza o tempo de espera. Ele é o chão onde crescem os sonhos mais sólidos, o palco onde a criança aprende que a vida não é apenas sobre chegar ao destino, mas sobre a jornada e as aprendizagens que se recolhem ao longo do caminho. 

Valoriza o tempo de espera, aqui a criança aprende que a vida não é apenas sobre chegar ao destino

Na minha infância, por volta dos 8 anos, enquanto passeava com o meu pai na vila, vi numa montra “A” autocaravana da Barbie. Para mim ganhou todos os holofotes! Não gostava de cor de rosa, mas aquilo superava qualquer gosto!  Todos os dias em que passeava com o meu pai, pedia-lhe para passarmos em frente à montra. E aí ficava eu, a contemplar a autocaravana, num tempo sem tempo, conhecia-lhe todos os pormenores : janelas, degraus, rodas, disposição da mesa e da cama, volante, assentos…

O meu pai não me metia pressa para irmos embora, ficava aí comigo, escutava os meus sonhos e partilhava os dele de quão seria maravilhoso ter uma para conhecer o mundo. Nunca lhe pedi  que ma comprasse, pois tinha visto que era muito cara e sabia que não tinha possibilidade financeira. Mas a verdade é que acho que foi mais minha que se a tivesse comprado.

Eu namorei-a. Não precisei de a ter nas mãos, pois ela existia, ganhou vida dentro de mim. 

Essa experiência ficou tão viva e presente em mim que mal consegui, comprei uma autocaravana. Viajei muito nela.

Vivi um ano com as minhas filhas nela e muito de quem sou hoje (e são elas), vem das aprendizagens que me permiti ter nessas vivências.

Ela é o meu porto seguro (e curiosamente também das minhas filhas), é o lugar onde tudo é possível, onde qualquer desafio se transforma numa aventura e oportunidade de superação, de crescimento e evolução. É o sinônimo da minha liberdade. 

Cultivem, permaneçam e não desistam dos vossos sonhos.

Dêem tempo aos vossos filhos de desejar!

Senão trata-se apenas de consumir e saciar o insaciável sem direção, sem intenção.

Sou tão grata ao meu pai por ter tido a presença de escuta, a paciência em ficar comigo no meu sonho, e de ter confiado em mim para partilhar os dele. 


Se para ti é um desafio ( como já foi para mim!!! ) a espera e implementar isso com os teus filhos, ESTOU AQUI PARA TE DAR A MÃO E AJUDAR-TE!!!!





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